domingo, 27 de dezembro de 2009

Experiência AVATAR 3D IMAX



Neste sábado estive em Curitiba para assistir "Avatar" numa sala de cinema IMAX 3D no Shopping Palladium.
Posso dizer, com experiência de causa, que sei como aquelas pessoas no "Grand Café" em Paris se sentiram no final do século XIX na primeira exibição pública do cinematógrafo!
A experiência Avatar Imax 3d só pode ser comparada a "Chegada de um trem à estação de La Ciotat" quando os espectadores se assustaram com a imagem de um trem na tela vindo em sua direção.
Avatar 3D Imax é a reinvenção da experiência cinematográfica, e o conceito de "Profundidade de Campo" ganhou um upgrade quase insuperável, agora falamos em "Perspectiva Virtual"! Em cenas que se passavam nas alturas, eu realmente tive a sensação de vertigem, fiquei com medo de cair! Dá pra acreditar numa coisa dessas?
A tela Imax é 6 vezes maior que uma tela normal de cinema, ela ocupa praticamente todo o seu campo de visão, isso significa que quase tudo o que você vê é a tela, você se sente submergido naquele mundo surreal.
Sem contar que as imagens chegam ao absurdo de serem palpáveis, tão alto é o grau de definição e riqueza de detalhes. É normal ver as pessoas esticando o braço para querer tocar a imagem, eu mesmo tive essa vontade algumas vezes, mas me contive porque sabia que era uma ilusão.
Quanto à narrativa, não houve evolução neste campo, a história de Avatar é praticamente a mesma de Pocahontas, anabolizada. Eu assumo que quando assisti o trailer e vi o poster pela primeira vez achei tudo uma grande baboseira, mas a tecnologia empregada mudou tudo!

Para quem estiver interessado em sentir o que eu senti, aqui está o link para você comprar o seu ingresso. Tem que comprar antecipado, porquê é impossível conseguir ingressos na hora.
Ele custa 33 reais, parece caro, mas garanto que essa experiência ficará guardada na sua memória para sempre provavelmente como a mais empolgante aventura cinematográfica. Culpe o James Cameron.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Amar e perder Glauber Rocha: viúva do cineasta estreia filme sobre os últimos meses do artista

Essa reportagem está no site da Revista Marie Claire, apenas copiei e colei ela aqui, esse é o endereço http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110329-17642,00-AMAR+E+PERDER+GLAUBER+ROCHA+VIUVA+DO+CINEASTA+ESTREIA+FILME+SOBRE+OS+ULTIMO.html


Por Letícia González
Paula Gaitán
Paula fotografa o marido pelo reflexo de um espelho

“Diário de Sintra” é um documentário, mas um diferente da maioria do gênero. Não há nomes que apresentem as pessoas na tela, indicação de data ou um discurso linear. No filme de Paula Gaitán, viúva e mãe de dois filhos de Glauber Rocha, quem fala é a voz de uma mulher que perdeu, 25 anos antes, um grande amor.

Para fazê-lo, Paula voltou a Sintra, a pequena cidade portuguesa onde viveu com o cineasta e as crianças em uma espécie de autoexílio. O ano era 1981 e a época foi de intensa produção para Glauber. A família viveu lá até que ele, doente, teve de ser trazido de volta ao Brasil. O diretor morreria no dia seguinte ao desembarque.

Como a própria Paula explica, “Diário de Sintra” não é um filme sobre o Glauber Rocha. É um jogo de memória que, poético, pode emocionar qualquer pessoa que já viveu uma perda. Foi o que ocorreu no festival de Tribeca, em Nova York, no ano passado, quando Paula viu muitas pessoas comovidas no fim de uma sessão do filme. “Poucas pessoas ali já tinham visto um filme do Glauber”, diz ela.

Marie Claire Online conversou com a artista sobre a época que inspirou o filme, que estreia nesta sexta-feira em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

Marie Claire - O Diário de Sintra é um filme sobre um passado pessoal seu. Por que fazê-lo?
Paula Gaitán - Eu tinha esse material, feito em 1981, que tinha ficado no passado. Eu nunca havia mexido. Aí passados 25 anos, participei de um edital do Itaú e ganhei. Eu sempre fui correta sobre o tema: não é um filme sobre o Glauber, é uma construção minha a partir dele. E quando você faz um filme, é porque existe uma necessidade vital de fazê-lo, uma pulsão que te leva. Foi o que aconteceu.

MC - Nele, o fluxo de narração dele não é linear. Por que?
PG - Porque a memória não é linear mesmo. Ela é cheia de faltas e vazios, partes escuras que você não consegue alcançar. Para falar de memória, você parte do esquecimento e constrói essa coisa fragmentada, feita de associações livres. A memória é muito sensorial, olfativa. E o filme é sensorial também.

MC - Assistí-lo é como remexer em uma caixa de lembranças para você?
PG - No começo, quando fiz o filme, a questão da produção se impunha. Viajamos a Portugal e acontecia de acordar às 5h para trabalhar, tinha uma rotina. Ele ficou pronto em 2007 (eu o montei muito rapidamente). O que acontece agora é que, cada vez que vejo o filme me emociono mais. É como se visse filme de outra pessoa. Porque todo mundo tem perdas - às vezes nem é por morte, pode ser um namorado que foi embora ou a relação que acabou, e você tem que viver aquele luto. O filme fala delas, da ausência, não só da viuvez.

 Divulgação
Glauber, a pequena Ava e Paula

MC - Por que vocês estavam em exílio em Sintra?
PG - O Glauber tinha feito “A Idade da Terra” e nós fomos com ele para Veneza, eu ele e as crianças. O filme não teve uma boa acolhida no Brasil, pois tinha uma proposta muito à frente de seu tempo. E ele sofreu muito com isso, teve muitas decepções. Se sentiu exilado de novo. Então decidiu ir para Sintra, queria ficar isolado.

MC - Como eram esses meses em família?
PG - Foi um período muito interessante, bonito. Sintra é bucólica, é pra onde iam os poetas românticos, como o Lord Byron. Foi fértil. Ele escreveu vários roteiros. O Glauber tinha uma disciplina inacreditável, era muito rigoroso e certinho. As pessoas têm uma visão de que ele tinha uma personalidade exuberante, mas ele começava a trabalhar na máquina de escrever às 8h, ia até as 12h, almoçava e depois retomava.
O problema é que havia sido uma longa batalha mesmo. E aquilo afetou a saúde dele. Eu costumo dizer que, às vezes, o quando o guerreiro repousa, o seu corpo não resiste. Ele não resistiu.

MC - Você esteve com Glauber nos últimos anos da vida dele. Como é sobreviver à morte de um grande amor como esse?
PG - Caracas, é difícil. Foi para isso que fiz o filme. Eu tenho muitos amores, sou uma mulher apaixonada. Mas os grandes amores permanecem.

MC - Você guarda muitas coisas do Glauber?
PG - Guardo porque ele foi um homem importante. Ele não foi um grande amor só para mim, mas também para quem ama o cinema dele, para quem segue suas ideias. Não é um privilegio meu, que fui companheira dele... [Paula se desculpa por não conter o choro]. Eu fico emocionada. Esse amor não me pertence, é um amor coletivo, porque ele é um homem público.

MC - Assim como ele, você é uma artista [Paula é cineasta e poeta]. O que Glauber lhe ensinou sobre arte?
PG - O Glauber deixou uma lição para muitos artistas, que é a possibilidade da invenção, da liberdade, e de lutar por isso. De ter coragem, ter uma ética e uma estética. Na história da humanidade você vê gente que aderiu a movimentos de extrema direita e teve obras artísticas revolucionárias. Mas é essa coerência [que esses artistas não tiveram] que o Glauber deixou.

MC - O mundo conhece o Glauber intelectual, cineasta. Como era o Glauber pai e marido?
PG - Ele era muito dedicado. Era generoso, carinhoso, como os pais têm de ser. A generosidade é do carater do Glauber, ele sempre se doou muito aos amigos também. É muito bonito a parte [do filme] em que ele canta com as crianças. A Ava fica repetindo, e agora ela se tornou uma cantora incrível.

MC - Você se apaixonou novamente depois de Glauber?
PG -
Sim, me apaixonei. Eu tenho uma filha de 20 anos que é fruto de outra paixão. Eu sou uma mulher de grandes paixões, espontânea e intuitiva. É a minha maneira de me dedicar às coisas de coração aberto.

Paula Gaitán
Glauber em foto feita por Paula. No filme, a imagem é dada a moradores da pequena cidade, que falam sobre a identidade do fotografado

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Heco - Portal Brasileiro de Cinema


A Heco Produções é uma empresa especializada em desenvolver projetos culturais em diferentes cidades do Brasil na área de audiovisual.
Fazem mostras de filmes considerados de difícil e raro acesso, promovem debates, em 2004 produziram um longa metragem e nesse ano, em parceria com a Lume Filmes, lançaram em dvd uma coleção preciosíssima de filmes do cinema marginal brasileiro (lançaram "Sem Essa, Aranha" Sganzerla, "Os Monstros de Babaloo" Visconti, "Bang Bang" Tonacci e "Meteorango Kid" Luiz de Oliveira) com ótimos extras como entrevistas com os cineastas e curtas e médias metragens raríssimos. Há ainda a previsão de mais 8 lançamentos em dvd.
Mas o mais interessante que tenho para mostrar a vocês é o site da Heco, que possui um acervo com centenas de textos sobre uma expressiva contribuição do cinema nacional escrito por pessoas importantes do meio. O site está bem dividido por blocos de pesquisa: "Cinema Marginal Brasileiro", "Leila Diniz", "José Mojica Marins - Retrospectiva", "Nelson Rodrigues", "Walter Hugo Khouri" e por aí vai. Uma fonte primordiosa de conhecimento!
Em breve o site irá se expandir com uma nova enxurrada de textos, entrevistas, fotos, ensaios, críticas, vídeos.

Um biscoito finíssimo.

Aproveitem

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O Beijo no Asfalto


Já vi algumas adaptações de peças do Nelson Rodrigues para o cinema; A Falecida, A Dama do Lotação, Boca de Ouro, todas boas, umas mais outras menos, mas essa de Bruno Barreto é disparada a pior!
Será que na época o cara não tinha nenhuma noção de direção de atores? Seu único intuito foi filmar uma peça de teatro?

Do livro "Esculpir do tempo", escrito pelo cineasta russo Andrei Tarkovski, tirei esses trechos para embasar minhas observações:

"Pode-se representar uma cena com precisão documentária, vestir os atores de forma naturalisticamente exata, trabalhar todos os detalhes de modo a conferir-lhes uma grande semelhança com a vida real e, mesmo assim, realizar um filme que em nada lembre a realidade e que transmita a impressão de um profundo artificialismo, isto é, de não fidelidade com a vida, ainda que o artificialismo tenha sido exatamente o que o autor tentou evitar."

"(...) os filmes de Lumière foram os primeiros a conter a semente de um novo princípio estético. Logo a seguir, porém, o cinema distanciou-se da arte e empenhou-se em seguir o caminho mais seguro dos interesses medíocre e lucrativos. Nas duas décadas seguintes, filmou-se praticamente toda a literatura mundial. além de um grande número de obras teatrais. O cinema foi explorado com o objetivo direto e sedutor de registrar o desempenho teatral; tomou o caminho errado, e temos de aceitar o fato de que ainda hoje sofremos as tristes conseqüências dessa atitude.

Bruno Barreto fez tudo o que Tarkovski mais detestava no cinema, foi um baita de um preguiçoso e fez de um dos textos mais importantes do teatro uma peça sem graça, sem vida, quase sem significado. E não estou pedindo que Bruno Barreto tivesse transformado o filme numa obra moderna.

Pra quem interessar, esse é o link torrent pra downloadear o filme

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Mas peço que antes de assistir o filme, leia o texto original, como eu fiz. É um texto curto, dá pra ler numa tarde ou duas. Infelizmente não encontrei o texto para download, aquele link é para as opções de compra na Estante Virtual.

Até!



quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ainda mais lições de arte e vida com Tarkovski

"(...) os filmes de Lumière foram os primeiros a conter a semente de um novo princípio estético. Logo a seguir, porém, o cinema distanciou-se da arte e empenhou-se em seguir o caminho mais seguro dos interesses medíocre e lucrativos. Nas duas décadas seguintes, filmou-se praticamente toda a literatura mundial. além de um grande número de obras teatrais. O cinema foi explorado com o objetivo direto e sedutor de registrar o desempenho teatral; tomou o caminho errado, e temos de aceitar o fato de que ainda hoje sofremos as tristes conseqüências dessa atitude. Na minha opinião, o pior de tudo foi o fracasso em explorar artisticamente o mais precioso potencial do cinema - a possibilidade de imprimir em celulóide a realidade do tempo."

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mais lições de arte e vida com Tarkovski

óbvio que a arte não pode ensinar nada a ninguém, uma vez que, em quatro mil anos, a humanidade não aprendeu absolutamente nada."