sábado, 25 de dezembro de 2010

Porque é tão ruim para mim ficar em Joinville

Voltei à Joinville fazem 2 semanas, estou morando na casa de meus pais.

Deixei Juiz de Fora – MG, pois em janeiro irei morar em Curitiba para estudar.

Estou como que de férias em Joinville.

Estando de volta fisicamente, voltou em mim uma sensação de angústia que não sentia há precisamente 1 ano, quando deixei esta cidade. Uma sensação específica que sinto quanto estou nesta região específica do país.

É um mal-estar generalizado do meu corpo, começando pelo coração, como se ele se apertasse, como se houvesse alguma coisa de muito errado.
Joinville é a minha zona de conforto, ou seja, meu buraco da estagnação.

Tenho 2 projetos importantes para desenvolver, e tenho tempo de sobra para isso, mas fico adiando, adiando sempre.

Veja, posso confirmar isso que está acontentecendo comigo pelo que Nietzsche escreveu em "Ecce Homo" no capítulo nada modesto intitulado "Porque sou tão inteligente":

" 2.  Aparentadas à questão da nutrição são as questões relativas ao lugar e ao clima. Ninguém é livre para viver em qualquer lugar; e quem tem grandes tarefas a realizar, que desafiam toda a sua força, inclusive tem um campo de escolha bem restrito nesse aspecto. A influência climática sobre o metabolismo, sua redução e seu aumento, vai tão longe que uma escolha errada no que diz respeito ao lugar e ao clima pode não apenas alienar alguém da sua tarefa, como também chegar ao ponto de evitar que ele chegue até ela: e então ele jamais fica cara a cara com ela.

(...)

Paris, a Provença, Florença, Jerusalém, Atenas – oras, esses nomes provam alguma coisa: o gênio é condicionado pelo ar seco, pelo céu límpido... quer dizer, por um metabolismo acentuado, pela possibilidade de ajuntar sempre de novo quantidades grandes, e até mesmo monstruosas, de força.

(...)

Agora que aprendi a conhecer os efeitos de ordem climática e metereológica depois de uma longa experiência comigo mesmo, e sou capaz de lê-los numa instrumento bastante preciso e confiável, que me faz sentir fisiologicamente a mudança nos graus de humidade numa simples viagem de Turim a Milão, penso com horror no fato sinistro de que passei a minha vida inteira, excetuados os últimos dez anos – os anos mais perigosos -, sempre em lugares errados, francamente proibidos a minha situação pessoal. Naumburg, Schulpfora, e a Turíngia inteira, Leipzig, Basiléia – todos eles são lugares pouco felizes para a minha constiuição fisiológica.”


Bem vindo à minha Joinville!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Aberta OFICIALMENTE a temporada de despedidas 2010

Fato: escrever um roteiro para longa metragem se tornou o CARMA da minha vida. 

Não vejo como isso pode ficar bom... tenho boas idéias, mas penso que no final o resultado será uma bomba antiquada e cafona. Isso deve fazer parte do processo.

Mas PRECISO escreve-lo. Ok!

Deixei ele de lado na semana passada para me dedicar a um curta metragem, está ficando legal, ja tenho todo o argumento, agora só falta conversar com o diretor, ver as mudanças que ele quer se sejam feitas antes que eu parta para escrever o roteiro desse curta.

Então, por lógica, nesta semana poderia me dedicar novamente a escrever meu longa.

MAS NÃO POSSO!

Estou de mudança, moro em Juiz de Fora-MG e estou indo estudar cinema em Curitiba.

Está oficialmente aberta a temporada de DESPEDIDAS.

Estou dentro de uma onda sentimental sem fim.

Comprei um maço de cigarros no domingo, não tenho o hábito de fumar em casa durante a semana, mas não estou conseguindo evitar!

Não sei QUANDO verei essas pessoas pelas quais estou chorando.


Pra entrar ainda mais na fossa, estou escutando a trilha sonora do filme "História Real" do Lynck e a trilha do documentário Islandês "Draumanlandid"

Pra ajudar um pouco, assisti "Esqueceram de Mim" hoje de manhã, quando estou pra baixo esse filme sempre me levanta, boas lembranças. Mas o que quero agora é sofrer, bastante, mas sem problemas.






sexta-feira, 26 de novembro de 2010

"Mu Mu Mu Mu Mu Mudanças" ou seja, o refrão daquela música do David Bowie traduzida.


Mudei meus horários para produção de textos, agora escrevo de manhã e acho que assim está melhor. Consegui terminar de definir meu personagem principal em 3 páginas, mas acho que ele está muito passivo.

Nesta tarde quero começar a desenvolver a personagem secundária feminina, eu realmente não sei quem ela é.

Quero ler "Romeu e Julieta", pois a síntese da minha história é essa.

Sinto que a história está se tornando mais forte do que eu, mas tudo o que escrevo considero clichê, piegas e medíocre.

Me tornei um dependente deste projeto, mas sou um lerdo, devagar e preguiçoso.

Quero que meus personagens sejam mais cinematográficas. Queria ser Lars von Trier com Baz Luhrmann.

Hoje encontrei um plot interessante para o personagem masculino secundário, esse plot emergiu da própria história, gostei disso.



Ps: Ontem comprei "Post it" para me ajudar na organização e anotação de idéias, só que não comprei o "post it" autêntico porque custa 5 reais o bloco e eu estou super mal de grana, então comprei uma imitação que custa 3 reais, se chama Note Fix e essa bosta tem uma cola filha-da-puta que não gruda direito e os papeizinhos ficam caindo!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Os personagens...


Tenho enfrentado bastante resistência do meu cérebro toda a hora em que tomo a iniciativa de começar a trabalhar no meu projeto de roteiro, ele inventa que quer ir no supermercado, lavar roupa, fazer café, ver um vídeo, perder tempo no twitter, facebook, orkut, comer alguma besteira ou simplesmente se masturbar, tudo para desviar do meu objetivo que é desenvolver o roteiro de um longa metragem.
Hoje consegui me centralizar um pouco e bolei um esquema para desenvolver personagens, baseado no livro do Syd Field. É algo bem básico, mas que deve funcionar muito bem para um amador como eu.


Esquema para desenvolver personagens:

1º Estabeleça o personagem que você quer trabalhar. Depois separe os componentes da vida dele/dela em duas categorias básicas: Interior e Exterior.

A vida INTERIOR do personagem acontece a partir do nascimento até o momento em que o filme começa. Isso forma o personagem.

A vida EXTERIOR  do personagem acontece desde o momento em que o filme começa até a conclusão da história. Isso revela o personagem.

Vida interior: 
O personagem é masculino ou feminino?
Quantos anos tem quando a história começa?
Onde vive? Que cidade e país?
Onde nasceu? É filho único ou tem irmãos e irmãs?
Que tipo de infância teve? Feliz? Triste?
Como era o relacionamento com os pais?
Que tipo de criança era? Brincalhona e extrovertida ou estudiosa e introvertida?
Como era na escola primária? E no 2º grau? E depois na faculdade?
É casado? Solteiro? Viúvo ou divorciado?
Se casado, há quanto tempo e com quem?

Vida exterior: 
Importante examinar que o personagem interage com outros personagens.
Quem é ele e o que faz? É feliz ou infeliz com seu estilo de vida?
Desejaria que sua vida fosse diferente, com outro emprego, outra esposa ou marido, ou possivelmente desejariam ser outra pessoa?

Para revelar um personagem deve-se criar relacionamentos entre o personagem e outros personagens ou coisas. Todos os personagens dramáticos interagem de três formas:

1 – Eles experimentam conflito para alcançar sua necessidade dramática. Precisam de dinheiro? Como conseguem? Roubam, trabalham, emprestam, seqüestram?

2 – Eles interagem com outros personagens, seja em antagonismo, amigavelmente ou indiferentemente. Drama é conflito.

3 – Eles interagem consigo mesmos. O personagem pode ter que vencer seu medo da prisão para executar o assalto com sucesso. Medo é um elemento emocional que deve ser definido e confrontado para ser ultrapassado. Todos que fomos suas “vítimas” num momento ou outro sabemos disso.
Classifique a vida do personagem em três componentes básicos: profissional, pessoal e privado.

Profissional: o que faz para viver? Onde trabalha? É um vice presidente de um banco? É um bêbado? Um gigolô?
Se o personagem trabalha num escritório, o que ele faz lá? Qual o relacionamento com os outros colegas? Convivem bem? Ajudam um ao outro? Confiam um ao outro? Relacionam-se fora do trabalho? Como ele se dá com o patrão? Tem problemas com o salário?

Pessoal: Está solteiro, casado, namorando, noivo, separado, divorciado? Se casado, ou namorando, com quem? Quando? Como é o relacionamento do casal? Social ou isolado? Muitos amigos e atividade social ou poucos amigos? o casamento é sólido ou o personagem pensa em ter, ou tem, casos extraconjugais? 
Se solteiro, como é a vida de solteiro? Mulherengo ou sossegado? Sai muito com os amigos? É divorciado?

Privado: o que faz o personagem quando está sozinho? Assiste tv? Exercita-se – corre ou joga futebol? Tem algum animal de estimação? De que tipo? Coleciona selos, tem algum hobby interessante? 


O que este personagem quer? Qual sua necessidade?
Personagem é um ponto de vista – a maneira pela qual a história será vista. É um contexto.

Qual o ponto de vista do personagem? É liberal ou conservador? É ambientalista? Humanista? Racista? Homofóbico? Alguém que acredita no destino ou em astrologia? Alguém que deposita sua fé em médicos, advogado, nos jornais? Seu personagem tem o hábito de ler? Lê o que? Vê filmes? Quais filmes? Vai ao cinema ou vê em casa? Qual o gosto musical do personagem? Ele escuta muita música? Come besteiras? Ou tem uma vida regrada, pratica esportes?

O personagem é uma pessoal positiva ou negativa com as coisas da vida? Tem atitudes superiores ou inferiores? Otimista, pessimista ou realista? Sério, tímido, retraído, bem humorado, mal humorado? Quais os traços de sua personalidade? Elegante ou deselegante, rude, rabugento e sem sabedoria? Tem alguma mania? Um trejeito? Um chavão? Um cacoete? 

Qual seu nome?
Quem é o pai? E a mãe? O que fazem? Quando se casaram? Quais seus antecedentes? Como vivem hoje? Qual a relação deles com o personagem principal?

Tem irmãos? Como é a dinâmica desta família? Há traumas? Em quem?
Essa família se mudou de endereço alguma vez? De onde pra onde? Quando o personagem principal saiu de casa, se saiu? Foi morar sozinho ou dividia o aluguel? Teve que trabalhar para se sustentar ou os pais bancavam tudo? Bancaram até quando? Ele passou por algum aperto financeiro? Que empregos teve antes do atual? Que tipo de emprego caberia “dramaticamente” a este personagem?


terça-feira, 23 de novembro de 2010

"E agora José...

Após ter lido Syd Field "Manual do Roteiro" começo minha aventura de escrever um roteiro para longa metragem. Por isso não sou nenhum herói, pois muito Zé Mané como eu começa um projeto como esse, o problema é terminar. Acredito que a referência do Syd Field é a pior possível, mas foi o único livro sobre como escrever roteiros que achei pra baixar. Tá valendo! Alguém aí tem um link de um livro melhor?

Estou desempregado e vivendo de seguro desemprego, ou seja, tenho tempo de sobra... Também estou no meio de uma crise financeira pessoal sem precedentes desde quando comecei a trabalha. Dizem que Stallone escreveu "Rocky" numa situação parecida. Quais as minhas chances?

Fato: mesmo usando o máximo do meu empenho, disciplina e da minha capacidade criativa, tenho certeza que caso consiga termina-lo, o máximo que alcançarei em realização é um belo pedaço de bosta amarela e mole de bebê.




quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fale comigo

Quem já leu meu post anterior sabe que agora, mais do que nunca, estou entrando no meio de cinema e a área que pretendo atuar é o roteiro. Curto prá caralho mesmo. Estou começando a desenvolver meu primeiro longa que contará a história de um cara comum, casado com uma mulher, mas que tem um relacionamento extra conjugal com um homem.

Neste momento estou desenvolvendo a biografia dos personagens principais dessa história, e para isso preciso de muita informação para criar. Então, se você é hetero, homem ou mulher, e vive, ou viveu uma história parecida abra esse seu coração reprimido e fale comigo.

Quero saber, quem você é? Quantos anos tem? É religioso? É casado? Já foi casado? Desistiu do casamento para viver com uma pessoa do mesmo sexo? Sente vontade de ter um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo mas se sente enormemente reprimido(a) por todos? Já teve algum relacionamento sexual ou amoroso com alguém do mesmo sexo? Mora com os pais?  As pessoas da sua família, trabalho, escola sabem que você é gay ou bissexual? Você nunca contou pra ninguém? Ou foi você quem fez um casamento acabar? Me conte um pouco da sua história...

Entre em contato e compartilhe sua saga, não precisa se identificar senão quiser, óbvio que o sigilo será absoluto. Fale comigo wesleyou@hotmail.com

Aguardo seu contato,

Wesley.


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Boas notícias.

Sei que fazem mais de 3 meses que não atualizo este blog, mas saibam que eu tinha um bom motivo para isso, estava estudando para o vestibular do curso de cinema da Fap-pr ou melhor CineTvPr.


Eu já tinha tentado entrar nessa faculdade no ano passado, mas sem sucesso. Esse ano estava tudo planejado para fazer a prova de novo mas cheguei a desistir, pois estava trabalhando muito, estava sem dinheiro (moro em Minas Gerais, ir fazer uma prova em Curitiba iria custar caro), minha agenda estava bastante bagunçada e minha cabeça mais ainda. Devido a mudança no restaurante onde trabalho meu salário também foi alterado, iria trabalhar mais e ganhar menos, não aceitei isso e por um trunfo do destino no dia que fui demitido era o último dia para fazer a inscrição do vestibular. Sai do escritório correndo para a Lan house mais próxima. 

Depois, com o dia todo sem compromisso, mais dinheiro da rescisão e o seguro desemprego como segurança, cai de cabeça nos livros, 7 no total, todos de teoria de cinema e 1 de literatura. Na última semana  antes da prova, eu acordava às 9h da manhã e ficava estudando até 3h da madruga, fazendo pausas regulares, relendo os grifos que tinha marcado nos livros fazendo resumos.

Quando saiu o resultado foi como se eu tivesse ganhado na loteria. 

A partir de hoje o blog volta à ativa com a promessa de em breve postar meus próprios filmes :D Aguardem!


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Concurso Cultural "Da Sala do Cinema Para a Sala de Aula"




















Em 21 de outubro de 1967, o 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record chegava ao fim e com ele também terminava a era dos músicos engravatados e distantes de seus fãs. Consagravam-se Edu Lobo, Gilberto Gil, Os Mutantes, Caetano Veloso e Roberto Carlos com os cinco primeiros lugares da competição. Em 30 de julho de 2010, Ricardo Calil e Renato Terra estreiam o documentário Uma Noite em 67 que combina cenas da final do festival com depoimentos inéditos dos participantes. 

BRAVO! e Academia Internacional de Cinema estão oferecendo a seus leitores uma bolsa de estudos para o curso de Oficina Crítica ou História do Cinema Mundial, a escolha do vencendor. Para ganhar, escreva uma resenha crítica crítica de até 2400 caracteres sobre o documentário Uma Noite em 67. Envie até o dia 20 de agosto o texto para o endereço de e-mail concultbravo@gmail.com . No corpo do e-mail, escreva seu nome e endereço completos (cidade, estado, CEP, endereço, número, bairro e telefone). 



Notícia retirada do site da revista Bravo!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Nicole Puzzi X Ivan Cardoso

Copiei esta postagem do blog "Medo de quê?"



Trechos de A verdade por trás das câmeras, autobiografia de Nicole Puzzi:

"Acredito que muitas famílias, esposas, filhos e filhas, quem sabe até algumas amantes de produtores e exibidores, eu tenha sustentado com minha nudez nos filmes. Isso eles devem a mim, a Matilde Mastrangi, a Helena Ramos, Zilda Mayo, Zaíra Bueno, Aldine Müller e tantas outras belas atrizes com ideais bem mais elevados do que aqueles filmes. (...) Todas elas queriam ser atrizes de verdade. Mesmo no cinema nacional. O mal estava no que o público desejava e os produtores apoiavam, com a nossa conivência, dávamos a eles. Aqueles pobres filmes, ingênuos e bobos, mas de sucesso garantido. Desrespeito com o público, mas principalmente conosco."

"Porque fazíamos os filmes, então? Porque alguém teria que fazê-los. E nós estávamos ali, naquele lugar, naquele momento. E nós fizemos. Era somente a nós que o público desejava, mas com um desejo pegajoso, punheteiro. Eu nunca ia às estréias dos filmes. Me sentia mal, diminuída. Regredi no relacionamento social, além da regressão intelectual. Parecia que o meu cérebro tinha diminuído. Ao encontrar algum ator ou atriz respeitável eu passava mal, tinha complexo de inferioridade. Me sentia contaminada por aqueles filmes. Por quê? Sei lá, dava a impressão que filmar aquelas bobagens eram um karma a ser cumprido. A gente não precisava raciocinar, nem ter talento: o que contava era o corpo."

"Ivan, o Terrível

Nunca fui tão assediada por um diretor como pelo Ivan Cardoso nas filmagens de As Sete Vampiras, em 84. Eu ia para Petrópolis (filmávamos no Hotel Quitandinha) às segundas, terças e quartas.

Ele batia na minha porta, me cantava, eu não tinha mais sossego. O maquinista ficou afim, ela fingiu que deu pra ele quando o Ivan quis entrar no quarto, mas diz que não deu.

No Festival do Rio, o Prêmio Tucano, vi As Sete Vampiras e tomei um susto: não é o script que me deram, as minhas cenas foram cortadas. Cenas importantes, cenas que eu levava duas, três horas para me maquiar, para me transformar em monstro. O Toninho Meliande, que fazia parte do júri, ainda comentou: - Nicole, você é a primeira protagonista que não é protagonista. Você não aparece mais que 20 minutos, menos que a Andréa Beltrão, que faz o segundo papel.

Nicolle perguntou, e Ivan: 'Lembra com quem você estava saindo durante as filmagens? Você precisa saber pra quem você dá!' " 

"Sou uma mulher do cinema nacional. Sou, sim. Não tenho vergonha de admitir isso. Durante todo esse tempo fui feliz, tive muitas alegrias. Fiz filmes que, se não acrescentaram nada à historia do cinema – alguns acrescentaram, outros não – pelo menos renderam excelentes bilheterias e alguns produtores, alguns distribuidores ficaram ricos com esses filmes."

PUZZI, Nicole. A verdade por trás das câmeras. Porto Alegre: L&PM, 1994.

Leia mais:
Trailer de AS SETE VAMPIRAS
Entrevista com Nicole Puzzi
Dossiê Ivan Cardoso, na Zingu
Horror, sexo e humor no cinema brasileiro, artigo de Bernadette Lyra e Gelson Santana

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O CINEMA E A TERRA - DOCUMENTÁRIO DE INVENÇÃO

Um percurso no cinema documental de invenção. Filmes de ensaio. Novas poéticas do documental contemporâneo. Desfronteiras entre o documental e a ficção.

O curso terá embasamento teórico e prático, com análises de fragmentos de filmes, discussão de ensaios e textos de cineastas, críticos e filósofos acerca dos temas abordados e a produção de curtas metragens documentais a partir da divisão de pequenos grupos.

Filmografia indicada

Iracema, uma transa amazônica (Orlando Senna e Jorge Bodanzki. Brasil, 1974)
De certa maneira (Sara Gomes. Cuba, 1974)
Rocha que Voa (Eryk Rocha. Brasil, 2002)
Intervalo Clandestino (Eryk Rocha. Brasil, 2006)
Pachamama (Eryk Rocha. Brasil, 2009)
Filmes do cineasta russo Dziga Vertov.
Filmes do cineasta armênio Artavazd Pelichian.
Filmes do cineasta cubano Nicolás Guillén Landrián.

Bibliografia indicada

O Olho e o Espírito - Merleau-Ponty.
Textos de Dziga Vertov.

 Indicado para cineastas, estudantes de cinema, e artistas em geral.


26 a 30 de julho
segunda a sexta
das 19h às 23h
valor: 400,00 ou 2x e 200,00

Para se inscrever, clique aqui




b_arco | RUA DR. VIRGÍLIO DE CARVALHO PINTO, 426 - SÃO PAULO - SP - 05415-020 - Tel.:(11) 3081-6986

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Conheça e faça parte do projeto "A vida em um dia" de Ridley Scott

"A vida em um dia" é uma experiência global histórica para criar o primeiro longa-metragem do mundo gerado por usuários: um documentário, filmado em um único dia, por você. Em 24 de julho, você terá 24 horas para documentar um trecho da sua vida com uma câmera. As filmagens mais interessantes e originais serão editadas em um documentário experimental, produzido por Ridley Scott e dirigido por Kevin Macdonald.

Para obter mais informações, visite www.youtube.com/lifeinaday

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Que vergonha Joinville!

   Há mais ou menos 7 meses deixei a cidade de Joinville em Santa Catarina para me achar na região da Mata na cidade de Juiz de Fora-MG. Aqui encontrei uma cidade não muito maior que Joinville, de poder aquisitivo pouco menor, mas a questão cultural, nossa, quanta diferença! 
   Para mim cultura pode ser quase que reduzida a Cinema (claro que não sou ignorante a ponto de restringir arte a cinema), é a forma de arte que mais aprecio e consumo diariamente. Preciso de imagens na tela grande, de histórias na tela grande! Sempre! 
   Em Joinville me sentia perdido e triste, pois quase não podia ia ao cinema por falta de opção de títulos. Mas um novo shopping estava para abrir, os horizontes prometiam novos ares, pensei que talvez a qualidade da programação pudesse melhorar, nem que fosse um pouco. Mas esse novo ar que o horizonte trouxe era poluído.
   O novo shopping abriu com 6 salas para a cidade, mas vejam que bosta de programação:


    Ainda há outras duas salas de cinema na cidade, em outro shopping, exibindo Toy Story 3, Eclipse e Shrek 4! Quase nem dá para acreditar nesta palhaçada, parece que não existem outros filmes em circuito para serem exibidos, por isso repetem os mesmos! Mas sim, há muitos outros bons filmes em circuito pelo Brasil, por exemplo nesta semana estréia o documentário "Dzi Croquettes", também tem o lançamento de um filme de 2007 de Quentin Tarantino chamado "A Prova de Morte" e uma leve comédia francesa "O Pequeno Nicolau", títulos interessantes não faltam para acabar com essa mórbida repetição de títulos nas salas de Joinville.
     Cinema é a forma de arte que melhor expressa a vida e todas as suas nuances e absurdos, ele é filosófico em sua essência por funcionar como um grande espelho onde nos reconhecemos (ou nos estranhamos) em nós mesmos. Ser privado disso é como ser privado de ar, de água. Cinema te dá identidade, coloca idéias na nossa cabeça oca, nos faz viajar, pensar, crescer. Sei que cinema como diversão é importante, mas o que acontece em Joinville é muito triste, é uma coisa burra, pequena.
  Claro que Juiz de Fora não é nenhum paraíso, mas pelo menos há novas opções todas as semanas na programação sempre com bons documentários, filmes nacionais e títulos de todo o resto do mundo! Por que sim, praticamente todos os países do mundo produzem cinema, não é só os EUA. 
   Aqui em JF teve um dia que assisti um filme do Kazasquistão! Dá para acreditar? Kazaquistão! Também assisti um documentário sobre a Rita Cadillac e revi "Central do Brasil" na tela grande, foi catártico! Num cinema de rua mantido com a ajuda da prefeitura para não fechar, assisti ao argentino ganhador do Oscar "O Segredo dos seus olhos", saí horrorizado do cinema, no bom sentido, o filme é foda! Não imagino essas coisas tão simples acontecendo em Joinville. O que é uma pena.
   Um bom remédio para esta doença são os dois cineclubes da cidade, do Ielusc e o Ciclo de Cinema, na  Cidadela Cultural Antartica, ambos passam filmes gratuitamente nos finais de semana , bons títulos, obras que talvez você nunca tinha ouvido falar, por isso é importante que você vá e conheça, clique nos links para ver a programação para este final de semana.





quinta-feira, 8 de julho de 2010

Dzi Croquettes

  

     A trajetória do irreverente grupo carioca Dzi Croquettes, que marcou o cenário artístico brasileiro nos anos 70. O conjunto contestava a ditadura por meio do deboche e da ironia e defendia a quebra de tabus sociais e sexuais.

     O grupo é lembrado por depoimentos de artistas e amigos como Liza Minnelli, Ron Lewis, Gilberto Gil, Nelson Motta, Marília Pêra, Ney Matogrosso, Betty Faria, José Possi Neto, Miéle, Jorge Fernando, César Camargo Mariano, Cláudia Raia, Miguel Falabella, Pedro Cardoso e Norma Bengell.

Estréia dia 16 de julho, espero que também estreie aqui em Juiz de Fora.


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Filme Cultura nº51 no ar!


A nova edição da melhor revista de cinema do Brasil está no ar! A edição nº 51 da Filme Cultura, assim como todas as edições anteriores da revista, podem ser baixadas e lidas gratuitamente no site oficial que ainda tem conteúdo exclusivo complementando a revista impressa; a entrevista na íntegra com Silvio de Abreu, o lado B dos filmes Faróis de Ivan Cardoso e muito mais.
Na revista me chamou a atenção um texto do João Silvério Trevisan chamado "O Filho desviante e a morte do Pai", que mal vejo a hora para ler.
Na capa "Personagens e tipos do cinema brasileiro" por João Carlos Rodrigues.

Aproveitem!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Invejo quem está agora em Porto Alegre

Recebi esse email hoje dos organizadores do VI FantasPoa, Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre que repasso aos leitores desse blog.














Prezados,

A partir de hoje, dia 06 de julho, se iniciarão as exibições de longas-metragens do VI Fantaspoa.

Até o dia 09 de julho, o Fantaspoa apresentará 3 mostras paralelas. 
Na Sala PF Gastal, na Usina do Gasômetro, será exibida a Mostra Documentários Fantásticos, com 8 filmes do gênero. 
No Cine Santander, no Santander Cultural, serão apresentadas 9 animações, dentro da mostra O Fantástico Mundo Animado.
No Cine Bancários, no Sindicato dos Bancários, será realizada a Mostra Luigi Cozzi, com 14 obras desse grande diretor italiano que, inclusive, estará presente em 4 sessões comentadas, sempre às 21 horas (Hércules 2, Starcrash, Paganini Horror e 4 moscas em veludo cinza).
Nas sessões das 15, 17 e 19 horas, o Fantaspoa estará presente nas três salas de cinema supracitadas. As sessões das 21 horas tomarão lugar somente no Cine Bancários, sendo sempre as exibições procedidas de comentários e posterior debate com Luigi Cozzi.

A programação completa do festival está disponível em nosso site: www.fantaspoa.com

Os ingressos do VI Fantaspoa têm valor único de 5 reais.

Participem e, se possível, divulguem aos conhecidos.

Muito obrigado e boa diversão nesse sexto Fantaspoa.

Abraços,
João Fleck e Nicolas Tonsho
Direção e Produção – Fantaspoa

Fantaspoa no Twitter: www.fantaspoa.com/twitter
Fantaspoa no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=40161183
Fantaspoa no Facebook: http://www.facebook.com/people/Fantaspoa-VI/100000736974072
Fantaspoa no Myspace: http://www.myspace.com/341902741

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Você conhece Wilza Carla?



Ela foi um grande ícone dos anos 70 e 80 na Tv e no cinema. Seu papel mais notável foi a Dona Redonda na novela Saramandaia, porém fez grandes papéis no cinema como a inesquecível comedora compulsiva de sardinhas em  "Os Monstros de Babaloo" de Elyseu Visconti dentre muitas outras comédias, seu tino para o humor era único.

Descobri esse blog em homenagem a essa diva esquecida, eles tem muitos filmes para download onde ela participou.



No Youtube está cheio de vídeos legais da atriz reunidos em um canal exclusivo criado pelo fã clube, coloquei um do filme "A Ilha das Cangaceiras Virgens" e logo após sua participação no Jô Soares 11 e meia. O último vídeo é do filme "A Mulher de Proveta"







Hoje a atriz vive com uma doença degenerativa no cérebro, sua filha participou no ano passado do programa A Tarde é Sua, na RedeTV! pedindo uma cama hospitalar adequada à mãe que além da doença vive com apenas 465R$ por mês. Abaixo uma reportagem de 2006 que passou na Record.



quinta-feira, 1 de julho de 2010

SECRETARIA DE CULTURA ABRE INSCRIÇÕES PARA CURSOS, PALESTRAS E WORKSHOPS QUE SERÃO OFERECIDOS GRATUITAMENTE DURANTE O FESTIVAL PAULÍNIA DE CINEMA



A Secretaria de Cultura realizará nos dias 05, 06 e 07 de Julho inscrições para os diversos cursos, palestras e workshops que serão oferecidos gratuitamente durante o Festival Paulínia de Cinema 2010.
Os interessados deverão se inscrever no endereço Av Prefeito José Lozano Araújo, 1515, Complexo Rodoshopping, Estúdio 4 (azul), das 8h as 17h, em caso do jogo do Brasil no dia 06 o atendimento será até as 14hrs, portando os seguintes documentos:

- Curriculo
- Portfolio (se houver)
- Comprovante de Residência
- RG
- Foto 3x4

Para ver os cursos oferecidos, datas e mais informações, clique aqui. O Festival acontecerá do dia 15 à 22 de julho.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Fotografe o seu Cinema antes que ele vire uma igreja!

Ótima, e antiga, campanha da Revista Moviola "Fotografe o seu Cinema antes que ele vire uma igreja" continua rolando. Não existe premiação, apenas é uma forma de registro de Cinemas de Rua para que não entrem no esquecimento caso virem estacionamento, estoque, entrem para o limbo da reforma eterna ou pior, igreja!
Se a sua cidade tem um Cinema de rua, não perca tempo, tire uma foto e mande para a Revista.

Essa foto abaixo é do Cine Palace aqui de Juiz de Fora, que recentemente recebeu uma revitalização externa e interna, porém a qualidade da projeção e do som continuam muito ruins, existe a promessa de uma troca no maquinário para projeção digital. Aguardo com ansiedade.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Visões do Documentário - João Moreira Salles

A Casa do Saber do Rio de Janeiro organizou um debate com grandes nomes do documentário brasileiro e colocou tudo na Youtube pra galera! Esse é o tipo de coisa que vale muito a pena fazer download e grava num dvd, pra guardar, é o que eu fiz. Já postei os vídeos do Coutinho, agora é a vez do João Moreira Salles. Aproveitem!



























terça-feira, 22 de junho de 2010

Longa de Animação para o público adulto

Lutas, o filme é um longa-metragem de animação, com traço e linguagem de HQ, feito para os públicos jovem e adulto. O filme baseia-se em fatos reais da história do Brasil, contando, de modo inovador, desde as batalhas entre tupinambás e tupiniquins – antes de os europeus chegarem – até a guerra pela água, em 2096. A história passa, ainda, pela Balaiada e pela resistência ao movimento militar de 1964. São momentos importantes da história do país, contados por um personagem que está vivo há quase 600 anos e viu muita coisa… Direção de Luiz Bolognesi (roteirista de "As melhores coisas do mundo"). No elenco: Selton Mello e Camila Pitanga.

Estréia prevista para inicio de 2011


Debates realizados na Ocupação Rogério Sganzerla já estão na rede


Já está na rede os debates realizados durante a Ocupação Rogério Saganzerla, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo. Boa parte da filmografia do cineasta foram exibidos durante a mostra, que encerrou no último sábado, 19. A exposição segue até o dia 18 de julho e os debates, podem ser revistos online.

O primeiro da série de encontros, acontece na quarta-feira, 9, com Helena Ignez, Joel Pizzini, Júlio Bressane e Roberto Turigliatto a partir dos filmes ‘Documentário’ e ‘A Mulher de Todos’.

Já o encontro do dia 10, trouxe Antonio Urano, Helena Ignez, Hernani Heffner e Maria Gladys para discutir os filmes ‘B2’ e ‘Sem Essa, Aranha’.

O último encontro foi realizado na sexta, 18, com debate entre Bill Krohn, Catherine Benamou, Ismail Xavier e Samuel Paiva sobre o filme ‘It\'s All True’ - Based on an Unfinished Film by Orson Welles.




Fonte: Blog do Programa Metrópolis

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Entrevista Exclusiva com José Sette

      


       Conheci José Sette quanto vim morar em Juiz de Fora este ano. Até então nunca tinha ouvido falar de seu nome ou de seus filmes. Ele é mineiro, morou muitos anos em Juiz de Fora, produziu aqui também. Despontou para o cinema durante os anos 70 com o filme “Bandalheira Infernal”, exibido recentemente no CineClube Bordel Sem Paredes, longa que entrou para lista do chamado “Cinema Marginal Brasileiro”, seu filme de maior notoriedade chama-se “Um filme 100% brazileiro” de 1985 que teve cópia restaurada este ano para a Mostra do Filme Livre, onde José Sette foi o grande homenageado com uma retrospectiva de seu trabalho.

Recentemente José Sette veio à Juiz de Fora exibir seu mais novo longa, “Amaxon” e participar de uma gravação para os arquivos do MaMM, por isso tive a oportunidade de me encontrar com o cineasta, que logo me concederia esta entrevista via email, onde fala sobre sua trajetória, sua forma de trabalhar, sua visão do cinema autoral, da atual condição do cinema brasileiro, downloads ilegais e muito mais!











Como se faz um filme sem Roteiro?

- Quando fiz o filme Bandalheira Infernal, não tinha roteiro escrito, mas tinha muitas idéias na cabeça em relação a um simples mote da época de 1975 (vivíamos a ditadura militar): Presa e Predador. Perseguição e rebeldia. Inocente versus facínora. Vício ou virtude. Preto no branco. Um sujeito escroto, inconseqüente, moralista corre atrás de um jovem solitário alheio a sua realidade. A partir desse mote, fui construindo e depois dramatizando os personagens em cena. Armada a ação eu escrevia, com caneta, os diálogos-monólogos da cena. Escrevia entre uma e outra filmagem. Depois de uma semana de filmagem fui para a antiga moviola Prevost, 6 pratos, do Roberto Bataglim, uma ilha de edição das antigas nos fundos da casa-produtora situada na Álvaro Ramos, no bairro de Botafogo, onde eu e Rogério Sganzerla, passamos noites assistindo, rolo a rolo, plano a plano, em 35mm, indo e voltando, o Cidadão Kane do Orson Welles. Uma semana depois eu já estava editando, com meu amigo americano Robert Feinberg, os 100 minutos do copião filmado. Sincronizávamos o som direto e depois, o mais difícil, era cortar a imagem/som, colar com fita, plano a plano, para fazer ao final uma obra de 75 minutos. Talvez, hoje, eu nada cortaria e faria um filme de 100 minutos. O verdadeiro Cinema, como dizia Eisenstein, se faz na montagem. Montar o quebra cabeça pareceria difícil sem um roteiro! Demorou 90 dias, mas foi fácil!


Você faria um filme sem roteiro nos dias de hoje?

- Se as circunstâncias me permitissem, é claro que faria. Em verdade os meus roteiros, que ficaram na gaveta e que ando publicando na internet, se filmados fossem, seriam, de mil maneiras, modificados na confecção das ações, nos sets, em cada uma das locações, nos diálogos, nas inflexões dos atores em cena, nos movimento de câmera, na iluminação, não há como imaginar o que pode acontecer durante as filmagens de um cinema que se quer livre e poético. O que eu poderia lhe dizer é que talvez o único trabalho que mantive a coerência do roteiro com o resultado final foi Amaxon.


Quando você está criando uma história ou um personagem, você busca à priori criar algo essencialmente novo, sempre? Como você vê e trabalha com o lugar comum e os estereótipos no cinema?

- Se você prestar atenção vai ver que todos os meus filmes, com exceção de Amaxon e Bandalheira, contam fatos que me foram significativos, me emocionaram, na vida dos personagens que estavam esquecidos, ocultos na nossa história artística e cultural e que verdadeiramente existiram – Goeldi, Cendrars, P.W.Lund, Guarnieri, Nava, Nunes, Murilo, Geraldo Pereira, Tancredo, Krajcberg, Daibert, Augusto dos Anjos, etc., ou seja: nada de novo, apenas segredos nunca contados. A personagem Laura do Amaxon, embora velha, é nova na maneira que é retratada, no desenho da construção da sua personalidade, e nova como proposta de linguagem cinematográfica, um trabalho muito mais verbal que visual, pois foi capitado com vídeo e tratado em toda a sua edição como cinema. Não trabalho com um cinema realista, novelesco como clichê da coisa fácil, apegado ao cinemão de roliude, filho bastardo do entretenimento, querendo agradar/enganar o grande público. O meu cinema tenta mergulhar em mar mais profundo e por isso mais perigoso.   


Porque o cinema brasileiro se parece com um filho debilitado?

Depende de como ele é visto. A história do nosso cinema é única e sadia até o golpe militar de 64, ali se iniciou a devassa. Após a anistia e as eleições diretas, o que restava do bom cinema foi dizimado na era Color, perdemos a nossa identidade, hoje o cinema brasileiro retornou as telas, timidamente, com as nossas “grandes” produções que nada nos diz respeito, em termo de linguagem visual e menos ainda na estética do texto, importado do que pior faz o cinema americano que são hoje as novelas brasileiras. O cinema de arte no Brasil infelizmente está à míngua. Se existe não está sendo exibido e nem mais é produzido. Todos os jovens estão sendo robotizados por uma linguagem e uma estética que não é nossa. Massacre cultural. Tudo pela ignorância de todos. Já deveríamos ter nos reabilitados, mas para isso é preciso dar o primeiro passo, o mais difícil de todos, que é conquistar os nossos direitos a tela e a telinha, a exibição dos nossos filmes.


2010 está sendo um bom ano comercial para o cinema nacional com muitos lançamentos. Você foi ver “Chico Xavier”?

- Faz muito tempo que não vou ao cinema, a ultima vez fui assistir o último filme do Bressane com minha amiga Maria Gladys. Fui rever o velho amigo. Penso que ultimamente não tenho mais tempo a perder com coisas que não me dizem nada. Ando me divertindo lendo e escrevendo.


No Brasil dezenas de longas são produzidos todos os anos, mas talvez nem 20% do que foi produzido chegue às salas comerciais e os outros 80% acabam entrando para o esquecimento. Porque acontece isso?

Porque toda a rede de exibição está nas mãos das empresas estrangeiras e de seus representantes fantoches no Brasil, que nada sabem de arte, que não tem comprometimento com a cultura do cinema brasileiro, ainda mais sendo produções independentes, não importa se são criativos, mas é que falam de coisas que a eles não interessam divulgar, muito menos prestigiar. E como a imprensa esta comprometida, toda essa loucura, esse massacre cultural, cai no esquecimento.


Quando você está trabalhando num filme, quais suas expectativas para ele? Você se vê em Cannes, Berlin, Oscar...?

- Quando eu consigo fazer um filme, ultimamente, ele é tão experimental, tão desprovido de verba, e tão pouco visto no meu país, que só mesmo um fato relevante fará ele reconhecido em qualquer festival de cinema aqui ou lá fora. Não faço o meu cinema com alguma perspectiva de público e prêmios. Faço o cinema que sei fazer e que gosto de experimentar. Faço cinema como escrevo poesia, como imagino um quadro, um conto, um sarro, uma mulher. Faço cinema porque sou impelido a fazê-lo por forças que não domino. Nunca ganhei dinheiro com os meus filmes, mesmo aqueles que foram premiados, mal foram exibidos, um absurdo histórico contra a minha arte e de muitos outros grandes artistas brasileiros da imagem que permanecem desconhecidos do público.     










Como vai ser a distribuição de “Amaxon”? Vai ter lançamento em dvd, passar na tv?

- Essa é a batalha que Hercules não desejaria ter. Tenho exibido o filme em pré-estréias aqui e ali. Vou tentar convertê-lo em sistema digital (Ran) para exibi-lo nos cinemas. Estou traduzindo os poéticos diálogos para o inglês. Quero exibi-lo ainda, para os amigos, em São Paulo e Belo Horizonte. Depois vem a tevê e no fim o DVD. Precisava de uma distribuidora que se interessasse..., mas essa figura de mercado, para esse tipo de cinema, não existe.


Eu só consegui assistir aos filmes do chamado “Cinema Marginal Brasileiro” porque baixei esses filmes da Internet, de outra forma é muito difícil ter acesso a esses filmes. Como você vê o negócio dos “downloads” ilegais? Já pensou disponibilizar seus filmes para “download” no seu blog?

- Seja marginal, seja herói! Essa frase pautou o movimento concretista das artes plásticas, do final dos anos sessenta, liderado por Hélio Oiticica, compondo com o cinema, a poesia, o teatro, uma explosão criativa de contestação aos padrões estéticos da época. Não fiz parte desse movimento, meu primeiro filme Bandalheira é de 75, mas todos que dele participaram eram meus conhecidos. Posso dizer que deles sofri uma grande influência na maneira de ver a nossa realidade, mas não ao retratá-la. Sou marginalizado, mas não sou um marginal, muito menos um herói. Não sou contra nem a favor a pirataria. Por um lado eu acho que a arte pertence a todos, é universal, mas no mundo capitalista para você ter acesso a ela é preciso pagar um preço absurdo. O que fazer? A arte e a cultura do povo é um dever do estado que deve incentivá-la, preservá-la e difundi-la. Isso acontece?


Antes de dirigir seu 1º longa você passou um tempo exilado na Europa. Ter ido para a Europa com 20 e poucos anos fez muita diferença na sua vida? O que você sugou da Europa naquela época?

- Não foi fácil deixar a família ,os amigos, o Brasil.Tinha 22 anos. Lá rodei o meu primeiro filme: um estudo cinematográfico de uma viagem a África do Norte que chamei de Misterius. Nunca finalizei o material. Usei trechos na edição do Amaxon. A Europa nada me deu a não ser o sentimento indescritível de estar livre, de viver com liberdade. Vi e revi alguns clássicos na cinemateca francesa. Visitei alguns museus. Conheci pessoas maravilhosas. Sobrevivi naquele mundo que com o passar dos dias tornava-se insuportável de saudades do Brasil.  


No seu blog tem o roteiro de 6 filmes que ainda não foram produzidos. Escrever um roteiro é o suficiente para acalmar as ansiedades e as angustias do artista?

- O roteiro é um escrito em forma cinematográfica de algum texto que já existia anteriormente. Meus filmes nascem de projetos literários exercitados por mim: romances, contos, poesias, escritas avulsas, crônicas, etc., compõem o baú da criação de onde jorra diariamente água limpa. Depois vou sujando-a com as fontes da escrita. Do texto romanceado surge o roteiro e finalmente o filme. Mas confesso que muitas vezes pensei em parar no escritor. Seria mais fácil, embora escrever é mais difícil do que fazer cinema. 


De onde vem o interesse por ciência e astrologia? Isso influencia sei trabalho?

- Sou um apaixonado pelo cosmo, pelas estrelas, galáxias, pelo universo e todo mistério nele contido. É preciso abstrair-se dos conceitos físicos da terra para abrir os olhos para o futuro. É quando eu observo o passado e entender que só o futuro é moderníssimo. Entender um é descortinar o outro. Amaxon é de certa maneira um filme futurista.


Quais suas maiores influências nas artes, na vida, no cinema?

- Minha avó paterna Luisa, me apresentou a poesia e os instrumentos musicais, piano e bandolim, ela abriu-me, quando ainda era uma criança, o coração para arte. Ativou a minha sensibilidade criativa que foi sendo consolidada por minha avó materna, Emília, professora,que me ensinou a estudar... Posso arriscar uma audácia e dizer que quem mais me influenciou foi o eu mesmo, sim! Não me lembro nos filmes que fiz que dissesse: Vou rodar esse plano a maneira daquele plano do Mario Peixoto no seu  extraordinário filme O Limite. Não me lembro de ter pensado em Glauber Rocha quando filmei Um Filme 100% Brazileiro e nem em Julio Bressane quando filmei o Goeldi, muito menos em Rogério Sganzerla quando fiz o Bandalheira, menos ainda em Humberto Mauro quando filmei Labirinto.Pensei em Hitchcock, mas o meu Vertigem, por mais que esforcei,não tem nada do Vertigo original.O cinema nasceu em mim. Brotou com vontade própria, rebelde e sem medo. Posso dizer que a literatura foi um fator preponderante no meu universo cinematográfico. Li o primeiro livro sobre cinema aos quinze anos, em 1963 “Elementos de Cinestética” do Padre Guido Logger, um professor que conheci q uando mudei do Rio para Belo Horizonte. Editora AGIR. Precisa aprender o que era fazer um filme. Estava escrevendo uma história sobre Belo Horizonte que depois transformei em Roteiro com o título de Cidade Sem Mar. Aos 16 anos já queria fazer cinema. Outros livros que me influenciaram definitivamente em relação a linguagem cinematográfica que depois iria praticar, foi do gênio Serguei Eisenstein “Reflexões de um cineasta” Editora ZAHAR.Fechando o ciclo eu mergulhei no livro do Haroldo de Campos, “Ideograma” Editora CULTRIX  e descobri as bases do meu enigmático trabalho nas artes do cinema cultura, experimental e poético que tanto eu queria fazer.




terça-feira, 15 de junho de 2010

Roteiristas analisam mercado de trabalho em palestra gratuita


Em 23/6/2010, o Senac Lapa Scipião promove a palestra Histórias Possíveis – O Ofício e o Mercado do Roteirista no Brasil. O evento marca o lançamento do curso de pós-graduação em Roteiro Audiovisual, do Centro Universitário Senac. Participam da palestra três dos roteiristas mais elogiados do cinema brasileiro contemporâneo: Fernando Bonassi, Luiz Bolognesi e Roberto Moreira.


Fernando Bonassi
É escritor, dramaturgo e roteirista dos filmes Carandiru; Cazuza, o Tempo não Pára; e Lula, o Filho do Brasil; e da série de TV Força-Tarefa.


Luiz Bolognesi
É roteirista dos longas-metragens Bicho de Sete Cabeças, Chega de Saudade e As Melhores Coisas do Mundo.


Roberto Moreira
É roteirista do filme Um Céu de Estrelas e diretor e co-roteirista de Contra Todos e de Quanto Dura o Amor.


Para se inscrever na palestra, clique aqui.
Para mais informações sobre o curso, clique aqui.
Para se inscrever on-line no curso, clique aqui.


Palestra Histórias Possíveis – O Ofício e o Mercado do Roteirista no Brasil
Dia 23/6/2010, às 19h30
Participação gratuita – Vagas limitadas
Senac Lapa Faustolo
Rua Faustolo, 1.347 – Lapa – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3475-2200 – E-mail: lapascipiao@sp.senac.br

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Revista de Cinema Brasileiro para ler On-line



































Descobri isso hoje, a conhecida Revista de Cinema Brasileiro, publicação específica sobre a produção audiovisual brasileira, além de ter um site (pouco atualizado, é verdade) disponibiliza sua versão impressa integral para ser lida gratuitamente, só não dá para fazer download. Estão no ar as últimas 9 edições, esta imagem acima é a capa da última edição, também disponível para leitura.