O que aconteceu com a Casa das Revistas?
Você joinvillense percebeu que ela fechou?
Não? Nem sabe do que eu estou falando?
Você se considera um joinvillense? O que faz das pessoas que habitam essa cidade terem uma identidade coletiva?
O joinvillense tem uma identidade coletiva?
Onde nos reconhecemos?
Na coxinha com choco-leite no Bar do Garoto, no Strudel ou Marta Rocha da Confeitaria XV e empadas no Jerke, depois de alugar um DVD (não tem mais fita né?) na Magic Vídeo e antes de ir embora tomar uma garapa alí embaixo da catedral. Existem muitas formas de nos reconhecermos como joinvillense, mas agora uma desapareceu.
Esses lugares simples, populares e democráticos, onde qualquer pessoa pode ir (se bem que as empadas agora estão mais elitizadas, mas ainda são ótimas) estão desaparecendo em nossa cidade! O último tinha sido o Bar Tigre que foi demolido pra dar lugar ao novo Angeloni, deprimente!
Mas isso não é de agora, vem de muito antes do que pensamos.
O mercado público era originalmente açoriano, foi demolido e reconstruído com formas germânicas forjadas. Teve também aquele casarão no começo da 9 de março esquina com a Blumenau onde haviam feito algumas exposições de design, também foi ao chão e pior, sem nenhum motivo para isso,pois até hoje nada foi construído no local!
Onde fica registrado as características autênticas desse povo quase sem passado?
Não sou tradicionalista, mas tenho consciência de que certas coisas não devem desaparecer, são como bases, estruturas primordiais da nossa personalidade, que devem ficar como são e só mudar quando for realmente preciso.
Ontem a noite passei em frente a revistaria, haviam paredes quebradas, reboco, construção, pensei que poderia ser uma reforma, assim como as empadas Jerke remodelaram o lay-out da lanchonete, quem sabe a Casa das Revistas esteja passando por um processo similar, mas não havia nenhuma placa fazendo qualquer anuncio do tipo “desculpe o transtorno, estamos em reforma” nem nada, fico pensando se naquele endereço não irá abrir uma loja de calçados a preços populares ou bijuterias, dessas que você compra a granel. Tomara que não! Espero que não, por favor não!
Será que ela fechou por não conseguirem mais pagar o aluguel? E o pior de tudo é que agora me sinto culpado por nunca mais ter ido lá. Fiquei com aquele sentimento de que a gente só dá valor às coisas quando elas vão embora, mas agora é tarde. Ou será que fechou porque as proprietárias decidiram se aposentar e não tinham ninguém da família para tocar o negócio?
Daqui uns anos (ou pior, hoje!) o que nos unirá como joinvillense é ir ao shopping Mueller, no Angeloni , no Mc Donalds da Beira Rio. Lugares esses que existem em qualquer outra cidade, lugares esses que não define nossas bases, lugares esses que não representam nada mais do que a decadente sociedade de consumo que somos. Não dá pra ser pior que isso!
Parece um absurdo essas minhas colocações?Claro que não! Veja só, eu comprei minhas primeiras revistinhas da Turma da Mônica lá, meu Atlas da Folha, minha coleção de Minerais e Pedras Preciosas que guardo até hoje e agora mais do que nunca. Ah, como aprendi macetes pros jogos do meu Super Nintendo, passwords, combos, fatalities nas revistas que comprei lá!
Foi lá que comprei a minha primeira Revista SET, hoje não leio mais essa publicação mas foi ela que abriu um novo mundo de informação que serviu de base indissociável para minha cinefilia.
Todas essas publicações formaram uma parte importante da minha personalidade. Eu poderia tê-las comprado em qualquer outra revistaria, mas eu comprei todas elas na Casa das Revistas.
Com o fechamento da Casa das Revistas eu me sinto menos joinvillense. Justo eu, que nunca tinha me sentido joinvillense de verdade, hoje me sinto menos.
2 comentários:
É, Joinville sempre foi uma cidade com crise de identidade. Ao invés de buscar uma própria, busca sempre outras sem chegar a lugar nenhum. Não vejo como um problema mudar suas tradições, desde que para melhores.
Enfim, coisas de cidade grande.
uma perda e tanto.
maikon k
www.vivonacidade.blogspot.com
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